Segue abaixo algumas anotações que fiz durante o evento:
A abertura feita pelo curador do Museu AfroBrasil, Emanoel Araújo, que falou da memória como fato fudamental e cultural no resgate da nossa cultura.Nesse sentido, ele cita o fotógrafo Augusto Militão Azevedo, considerado um dos maiores fotógrafos brasileiros da segunda metade do século XIX. Augusto Militão além de fotografar paisagens urbanas foi um dos primeiros a fotografar os negros dentro dos ateliês. Em suas fotografias, os negros apareciam como cidadãos a procura de afirmação social.
Segundo Emanoel Araujo precisamos resgatar essa memória, pois atualmente vemos um processo inverso: os negros não são retratados de forma digna ou em posições sociais favoráveis. Ele apresentou vários exemplos nos quais podemos perceber que o negro aparece como subalterno ou simplesmente deixa de ser negro como foi o caso recente da propaganda da Caixa Econômica que mostrou um Machado de Assis branco. Depois da grande repercussão que teve na internet e dos protestos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República a Caixa retirou a propaganda do ar e pediu desculpas aos brasileiros em especial aos negros e afro descendentes. Na minha opinião, esse "enbranquecimento" trás a tona a mesma questão que vemos nas novelas, filmes e outras propagandas: o negro dificilmente aparece em uma situação de igualdade ao do branco. Logo, mostrar um Machado de Assis "imortal" e afrodescendente não condiz com estes parâmetros. Mas enfim, a propaganda foi retirada do ar e refizeram uma nova versão, dessa vez com um ator negro representando Machado de Assis. Para quem não viu seguem as duas versões da propaganda:
Na segunda parte do seminário fizemos uma visita monitorada ao acervo do museu. Foi uma visita rápida apenas para termos uma ideia do acervo. Pude perceber que não são poucos os brasileiros negros que se dedicaram à pintura, sem valor no valor artístico das obras produzidas por eles.
Emanoel Araújo tem realizado um trabalho de resgate destas obras, que culminou na mostra "Negros pintores" em agosto de 2008 no museu Afro Brasil. Segundo Emanoel "durante muito tempo pouco se sabia sobre estes pintores, mal se conhecia as suas obras". Pensando nisso fui anotando os nomes de vários pintores negros e depois do seminário fiz uma pesquisa rápida e encontrei vários outros artistas. Acho que poderíamos pesquisar mais sobre as suas obras e apresentar para as crianças e adolescentes. É um forma de divulgar e resgatar essas produções.
Arthur Timótheo (1882-1922) |
Estudou na Casa da Moeda do Rio de Janeiro e, posteriormente, na Escola Nacional de Belas Artes. Foi pintor de paisagens e figuras, destacando-se entre essas nus e retratos. Algumas de suas paisagens impressionam pela textura, pela luminosidade e pela intensidade do colorido. Esteve na Europa onde manteve contatos artísticos que o influenciaram. |
Benedito José Tobias (1894-1963) |
O artista é mais conhecido pelos pequenos retratos de negros e negras realizados a óleo sobre madeira ou a guache sobre papel, “com maestria e com uma certa tensão expressionista”, segundo avaliação de Emanoel Araujo. Tobias tem obra pouco pesquisada ainda, apesar da qualidade e do empenho do artista em desenvolver a técnica pictórica. |
Benedito José de Andrade (1906-1979) |
Pouco conhecido ainda, o artista paulista realizou obras entre as décadas de 30 e 40. Freqüentou o Liceu de Artes e Ofícios, sendo aluno de Viggiani, Panelli e Enrico Vio. Recebeu vários prêmios e está inserido historicamente numa circunstância de intensa produção artística. |
Emmanuel Zamor (1840-1917) |
Nasceu em Salvador, mas foi criado nas Europa pelos franceses Pierre Emmanuel Zamor e Rose Neveu, seus pais adotivos. Estudou música e desenho na Europa. Foi pintor e cenógrafo. Freqüentou a Academie Julian, em Paris, anos antes de Tarsila do Amaral. Voltou ao Brasil entre 1860 e 1862, quando parte de suas obras foi destruída em um incêndio no Brasil. Entre suas obras há muitas pinturas de crianças negras. |
Estevão Silva (1845-1891) |
Foi o primeiro pintor negro a se formar na Academia Imperial de Belas Artes e pode ser considerado um dos melhores pintores de natureza morta do século 19. Realizou igualmente pinturas históricas, religiosas, retratos e alegorias. A crítica ressalta a qualidade das composições do artista, realizadas com prodigalidade de vermelhos, amarelos e verdes. |
Firmino Monteiro (1855 – 1888) |
Nasceu no Rio de Janeiro e teve infância atribulada. Exerceu várias profissões: encadernador, caixeiro e tipógrafo. Cursou a Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de Victor Meireles. Sua reputação se deve à pintura histórica e de gênero, mas executou pintura religiosa e principalmente paisagens. |
João Timótheo (1879-1932) |
Artista de produção numerosa (deixou cerca de 600 obras), iniciou o aprendizado na Casa da Moeda do Rio de Janeiro. Pintor, decorador e gravador, realizou paisagens, retratos, marinhas, pintura histórica e de costumes. Foi aluno de mestres como Rodolfo Amoedo e Zeferino da Costa. |
Horácio Hora (1853-1890) |
Nasceu em Sergipe, onde fez os primeiros estudos. Viajou à Europa com subsídio do governo imperial. Em Paris, tornou-se freqüentador habitual do Louvre. Ganhou vários prêmios. Especializou-se em retratos, mas o trabalho considerado sua obra prima é a tela “Pery e Cecy”, inspirada na literatura de José de Alencar. |
Rafael Pinto Bandeira (1863-1896) |
Aos 16 anos já estava na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Prematuramente reconhecido, o artista permaneceu por vários anos em Salvador onde foi professor de desenho e paisagismo. É considerado como um dos mais importantes paisagistas e marinhistas do século 19. |
Wilson Tibério (1923-2005) |
Nasceu no Rio Grande do Sul e viveu durante longo período em Paris. O distanciamento do país, segundo Emanoel Araujo, o teria levado a pintar repetidamente motivos afro-brasileiros. O artista esteve no Senegal, de onde foi expulso por se envolver num movimento revolucionário. Faleceu na França. |
Heitor dos Prazeres (1898-1966) |
Em meados dos anos 30 começou a pintar mulatas, malandros, o samba e o mundo da favela. Participou da Bienal de São Paulo em 1951. Fez diversas individuais no Brasil e mostras nacionais e internacionais. Um se seus quadros foi adquirido pela rainha da Inglaterra. |
Pedro Alexandrino (1856-1942) |
Pedro Alexandrino Borges (São Paulo SP 1856 - idem 1942). Pintor, decorador, desenhista e professor. Inicia-se na pintura aos 11 anos, ao trabalhar com o decorador francês Barandier (ca.1812 - 1867), na catedral de Campinas, São Paulo. Nessa época, também auxilia o decorador francês Stevaux em São Paulo e realiza trabalhos em igrejas, residências e palacetes. |
Enciclopédia Itaú Cultural- Artes Visuais
Site do pintor Heitor dos Prazeres