29.12.07

Desejos

Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo
sem chuva
Segunda sem mau humor

bado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos

Crônica de Rubem Braga

V
iver sem inimigos

Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
sica de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável




Ter uma surpresa agradável
V
er a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade


Te
r fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não

Nem nu
nca, nem jamais e adeus.
Rir c
omo criança


Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado

Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado



F
ormar um par ideal
Tomar banho de cachoeira

Pegar um bronzeado legal

Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação

Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa

Um violão
Uma seresta

Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria

Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo

Sentar numa velha poltrona


Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco

Bolero de Ravel...

E muito carinho meu.
Carlos Drummond de Andrade

Sei que em 2007 muitos de nós não teve oportunidade de fazer a maioria dessas "coisinhas simples" do nosso dia-a-dia. Por isso mesmo, desejo que em 2008 ao lado de todas as coisas que temos que dar conta, possamos também e, principalmente, viver essas coisinhas maravilhosas nas nossas vidas. Feliz 2008!








6.12.07

Manual de Brincadeiras

Esse manual é o recordista de downloads do meu Disco Virtual .
Ele foi elaborado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo em 2006 para contribuir com o trabalho desenvolvido nas escolas municipais de Educação Infantil.

É uma volta no tempo, um resgate das brincadeiras que fizeram parte da nossa infância.
É uma boa dica de leitura não só para os professores, mas também para os pais preocupados em garantir aos seus filhos o direito à infância.

Para fazer o download do manual é só clicar abaixo:

17.11.07

I ENCONTRO EDUCAÇÃO PARA UMA OUTRA SÃO PAULO



No dia 30 de novembro de 2007, no Anhembi, vai acontecer o I ENCONTRO EDUCAÇÃO PARA UMA OUTRA SÃO PAULO.

O encontro está sendo organizado pelo Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade. Estão convidados a participar, comunidades escolares das redes estadual e municipal, faculdades de educação e outras organizações da sociedade civil.

O objetivo é pensar sobre a educação que estamos construindo em nossa cidade
e o que precisamos fazer para valorizar nossos esforços e para resolver os problemas que aparecem no cotidiano de nossas escolas.

É uma oportunidade para pensar e discutir a educação que queremos, a que temos e principalmente, definirmos o que precisa ser realizado para alcançar a educação
que tanto sonhamos.

As inscrições para participar do evento vão até o dia 27. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas ( cerca de 1500).

No dia do encontro, serão disponibilizados ônibus gratuitos na estação de metrô Tietê.


Mais informações:

Inscrições

Programação do Encontro

Roteiro de questões para aquecer a discussão

educacao@nossasaopaulo.org.br / (11) 3151 - 2333 (ramal 117)

28.10.07

Vídeos Educativos

Para aqueles que são fãs da coleção "De onde vem?" aí vão alguns links para fazer o download.


De onde vem a TV?


De onde vem o arco-íris?


De onde vem o açúcar?


De onde vem o choro?


De onde vem o avião?


De onde vem o dia e a noite?


De onde vem o fósforo?


De onde vem o espirro?


De onde vem o leite?


De onde vem o livro?


De onde vem o ovo?


De onde vem o pão?


De onde vem o papel?


De onde vem o plástico?

18.10.07

Comentários racistas

O que você pensaria de uma pessoa que fez o seguinte comentário:

“As mulheres deveriam ter o direito de abortar um feto caso exames fossem capazes de indicar que o bebê mais tarde se tornaria homossexual”.

E se essa mesma pessoa também comentasse:

"Há muitas pessoas de cor bastante talentosas".

E mais:

“Gostaria que todas as pessoas fossem iguais, mas pessoas que precisam lidar com funcionários negros descobrem que isso não é verdade".

Achou pouco? Tem mais:

" Todas as nossas políticas sociais para a África são baseadas no fato de que a inteligência deles [dos negros] é igual à nossa, apesar de todos os testes dizerem que não".

Todos os comentários acima foram feitos pelo biólogo James Watson, 79 anos, prêmio Nobel de Medicina do ano de 1962 por ser co-descobridor da estrutura molecular do DNA.

Bem, o senhor Watson poderia ter parado por aí mesmo, mas me parece que este é um daqueles casos clássicos do sucesso que “sobe à cabeça”. Na verdade, no caso dele, enlouquece seria mais apropriado.

Por causa dos tais comentários (muitos deles dados a revista “The Sunday Times”) o "digníssimo" cientista foi impedido de proferir uma conferência no Science Museum, em Londres. Acho pouco, muito pouco pra quantidade de monstruosidades que ele declarou. No mínimo ele deveria ser preso sem direito a fiança ao desembarcar em qualquer país desse planeta.

O senhor Watson parece desconhecer fatos da história ao, por exemplo, se referir a situação da África como biológica. Ora, não é preciso ser um Nobel de Medicina para saber que a situação da África é resultado de uma colonização vergonhosa por parte dos europeus. Portanto, não tem origem biológica, mas sim histórica e social.

O que me assusta mais nessas declarações é que elas não manifestam a simples opinião da pessoa (no caso, a opinião do senhor Watson). Ele ao se intitular cientista e Nobel de Medicina faz com que as suas declarações passem do campo do senso comum para o campo da ciência. E é aí que mora o perigo. Uma coisa é alguém ser racista, outra bem diferente é alguém usar a ciência para dizer que pode provar que há raças superiores e inferiores. E a história já nos mostrou onde esse tipo de preconceito pode nos levar.

Só para finalizar, gostaria de dizer ao senhor em questão, que se eu tivesse a mesma mente pequena e preconceituosa que ele tem, iria defender o direito das mulheres de abortar, caso soubessem que o feto se tornaria no futuro alguém racista e preconceituoso.

É elementar meu caro Watson...

Em tempo: alguém sabe dizer se existe alguma forma de anular a entrega de um prêmio Nobel de Medicina?

Leia mais em:

Nobel da Medicina choca geneticistas ao afirmar que negros são menos inteligentes

Museu cancela palestra de Prêmio Nobel após comentários racistas

Professor Watson é um simplista


17.10.07

Estresse Pedagógico

Sabe aquele professor apático, cansado e irritado?
Ele nem sempre foi assim. Ele j
á foi alguém animado e comprometido com a sua profissão. Ele já foi um profissional responsável e perseverante.
O que terá acontecido no seu percurso que o tornou um profissional tão “apagado”?

São muitas as explicações e certamente todas elas terão alguma relação com esse quadro. Porém, quero me deter aqui em um aspecto que já há algum tempo tem me preocupado e por isso mesmo tornou-se para mim, leitura obrigatória nesses últimos meses.
Trata-se da Síndrome do Esg
otamento Profissional ou como é mais conhecida atualmente, Síndrome de Burnout.




Foi o psicanalista nova-iorquino Herbert J. Freudenberger quem descobriu essa síndrome no início dos anos 70.

É uma síndrome na qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, fazendo com que não se importe mais com qualquer coisa relacionada à sua função. Para alguém nesta condição, qualquer esforço lhe parece inútil.

É uma reação à tensão emocional gerada pelo contato direto e excessivo com outros seres humanos. Por isso mesmo acomete, principalmente, profissionais que exercem suas funções em contato direto com outras pessoas. Daí os profissionais da educação serem tão vulneráveis a esta síndrome. Policiais, agentes penitenciários e profissionais da saúde também são apontados como grupo de risco pelos estudiosos desse assunto.

A síndrome é tida pelos estudiosos como um conceito multidimensional que envolve três aspectos:

  • Exaustão emocional: situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas;
  • Despersonalização: desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas, tratando as pessoas destinatárias do trabalho (usuários/clientes) como objetos;
  • Falta de envolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma “evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para a realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como a organização.

É interessante observar que o aparecimento da síndrome não está diretamente ligada a jornada de trabalho. É uma questão de qualidade e não quantidade. Se você trabalha muitas horas por dia mas sente-se motivado com o seu trabalho provavelmente não irá desenvolver a síndrome. Já por outro lado, se você trabalha poucas horas por dia, mas está insatisfeito com o seu trabalho é um forte candidato a adquirir a síndrome.

Qual o perfil do profissional com Burnout?

Geralmente são aqueles profissionais mais dedicados, exigentes e responsáveis. Como são pessoas de alto nível profissional, cobram muito de si mesmos e acabam entrando em estresse ocupacional, ou seja, a um passo para adquirir a síndrome de Burnout.

Quais as causas?

As causas ainda não estão muito claras, mas podemos encontrar entre as mais prováveis as associadas a:

  • Falta de autonomia no desempenho profissional;
  • Problemas de relacionamento com colegas, chefes e clientela;
  • Falta de cooperação no trabalho em equipe;
  • Sensação de desqualificação profissional.

Quais os sintomas?

Os sintomas variam bastante de indivíduo para indivíduo. Mas os principais são:

  • Irritação permanente;
  • Desmotivação profunda;
  • Desinteresse;
  • Dificuldade de concentração;
  • Cansaço excessivo;
  • Comportamento paranóico ou agressivo;
  • Aumento no consumo de álcool, café e remédios.
Na Revista Época Negócios do mês passado foi publicado um teste que ajuda o profissional descobrir se apresenta algum sintoma da Síndrome de Burnout. Para fazer o teste clique aqui.


Deu pra perceber que Burnout é um esgotamento físico e mental ligado ao desempenho profissional. Mas, atenção, não podemos confundir com um simples estresse ou mesmo com a depressão.O estresse por exemplo, é um esgotamento pessoal que interfere na vida do sujeito. Já a síndrome de Burnout envolve condutas negativas relacionadas ao exercício profissional da pessoa. Seus efeitos são bem piores e se não for tratada a tempo, poderá levar a ações extremas e irreversíveis.

Essa síndrome pode atacar tantos os recém – formados quanto os profissionais mais experientes. Os mais jovens, por iniciarem a carreira com um grande idealismo, o qual na maioria das vezes não corresponde à realidade, levando-os, portanto a desenvolverem a síndrome. Já os profissionais que contam com mais tempo na carreira, têm contra si a saturação profissional que os impede de fazer tudo aquilo que gostariam profissionalmente.

Fases da Síndrome de Burnout

Podemos perceber 4 fases de desenvolvimento da Síndrome de Burnout. São elas:

  • Fase 1: do idealismo e entusiasmo, com expectativas excessivas em relação aos resultados profissionais;.
  • Fase 2:do progressivo estancamento e queda a respeito das expectativas iniciais. Nessa fase os sintomas da síndrome já são nítidos tanto que as pessoas a sua volta (amigos, colegas e familiares) começam a perceber que algo está errado.
  • Fase 3: da decepção e frustração. A pessoa se sente constantemente irritada, desmotivada e cansada física e mentalmente.
  • Fase 4: da apatia. Esta é a fase da cristalização da síndrome na qual a pessoa pode ser levada a comportamentos autodestrutivos. O tratamento quase sempre requer o afastamento do trabalho.

Tratamento

Geralmente o tratamento é psicoterápico. Remédios são prescritos somente nos casos mais graves de ansiedade e depressão.

Para ler mais sobre esse assunto consulte os seguintes artigos:

Conheça a síndrome do desgaste profissional

Dicas para prevenir a síndrome de Burnout

Esgotamento Total


15.10.07

Quem é?

Quem é esse estranho personagem?

Homem ou mulher, velho ou moço, que em sua ação é ao mesmo tempo músico e regente?

Quem é essa estranha figura que em seu trabalho chora e ri, fala e escuta, conta e encanta?

Quem é esse ator que precisa entusiasmar o grupo e ao mesmo tempo atender o apelo individual?

Precisa manter a ordem sem perder a serenidade; falar a todos, ouvindo a cada um?

Quem é esse estranho personagem?

Quem possui a indômita magia para ajudar que todos desabrochem e se expressem, aprendam e se transformem, construam e sonhem?

Quem é esse estranho malabarista que necessita se equilibrar entre conteúdos e competências, limitando excessos, favorecendo autonomia, acordando inteligências, provocando pensamentos?

Quem é esse anjo que empresta a filho dos outros, o tempo que para os seus não tem e que cobrado pelos desafios da vida sempre dura, não consegue apagar a emoção que a rotina propicia?

Quem é esse estranho personagem?

Que necessita sempre resolver, saber, decidir, propor, desafiar sem oportunidade de perder o instante, sem o recurso de deixar para depois?

Quem possui essa aura para esgotado, renovar esforços; combalido encontrar energia? Quem pode, ao entrar em cada classe, refazer-se novo como se aquela fosse a única?

Quem é esse estranho personagem?

Que aprende a empatia que ensina, pratica a solidariedade que prega, administra a progressão do currículo que deseja, avalia com olhar abrangente, vibra com sucessos que não são seus.

Quem é esse distribuidor de sementes que não colhe para uso próprio os frutos que plantou?

Quem é esse estranho personagem?

Quem é esse teimoso otimista que confia no aluno, que acredita no amanhã, que espera sempre pelo sonho?

Quem é esse estranho personagem?

Se ignorar a resposta, busque no espelho prezado professor...

(Celso Antunes)

14.10.07


Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." (Paulo Freire)

29.9.07

2º Simpósio de Educação Paulus

"Um olhar sobre o ensinar e o aprender" foi o tema do 2º Simpósio de Educação que aconteceu no dia 27/09/07 na FAPCOM ( Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação). O evento foi promovido pela Editora e Faculdade Paulus.

Confira abaixo os principais momentos do Simpósio:



Palestra "Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender" (Celso Antunes):

O professor no nosso país está com uma imagem desgastada e desvalorizada. Qualquer outro profissional se sente capaz de avaliar e até discutir sobre a função do professor. Mas o contrário não acontece; o professor tem consciência da sua limitação. Em outros países podemos perceber que o professor é um profissional que ocupa lugar de destaque na sociedade. No Japão, por exemplo, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor, pois segundo os japoneses, numa terra que não há professores não podem haver imperadores.

Mas por que no Brasil o professor não tem prestígio?
Segundo Celso Antunes, o professor para adquirir esse prestígio tem que acompanhar as mudanças que ocorrem num ritmo cada vez mais acelerado. Não podemos acreditar que ainda hoje nossa tarefa é apenas informar sobre os conhecimentos acumulados historicamente.
Hoje, a informação está em todo lugar e bem atualizada. Ou seja, a escola não é mais lugar privilegiado de informação. O papel do professor por esse motivo deve ser repensado.
Nesse sentido, há uma brutal diferença entre dar aula ontem e dar aula hoje.

Mas como mudar?

O autor apresenta cinco elementos que na sua opinião são fundamentais para mudar a educação brasileira e por conseqüência melhorar a imagem do professor:

1) A Aula: a aula deve ser o momento de usar a fala. Falar é uma ferramenta imprescindível para o aprender. Proibir o aluno de falar é impedir a sua aprendizagem. Porém, há duas falas diferentes no contexto escolar: a fala descontextualizada do aprender ( que não provoca o processo de aprendizagem) e a fala canalizada ( que organiza o aprender). Para chegar a uma fala canalizada com os alunos é necessário aprender novas formas de dar aula. Mesmo porque, professor não pode ser escravo de apenas um tipo de aula. Hoje, percebemos que muitos professores dão aulas expositivas nos 200 dias letivos. A aula pode ser expositiva, mas também pode ser através de projetos, seqüencias didáticas, roda da conversa, jogo de palavras, enfim, outras formas que possibilitem os alunos usarem a sua fala de forma organizada

2) O Conteúdo:
os conteúdos são os ensinamentos que são passados aos alunos. O conteúdo não pode ser metálico e vazio. Devemos perceber-los como ferramentas capazes de desenvolver competências. O aluno tem que aprender a argumentar, a pensar, a ter idéia. O mundo está acontecendo e os conteúdos estão a margem desses acontecimentos. Por isso mesmo os conteúdos devem ter "cheiro, gosto, cor e alma". Só assim poderemos formar gente e não apenas intelectuais.

3) O Professor
:
o professor deve ser o propositor, o interrogador, o instigador, aquele que ajuda a aprender. Assim, ele deve levar para a sala de aula alguns pontos de exclamação, mas principalmente, muitos pontos de interrogação. Os alunos devem ser induzidos a pensar, a encontrar argumentos. É como diz o ditado popular: em vez de dar o peixe, devemos ensinar a pescar.


4) A Linguagem
:
alguns professores acreditam que o texto é a única forma de ensinar algo ao aluno. Mas a escola é um espaço propício para o convívio de diferentes linguagens. A música, a mímica, a dramatização, a colagem, o slogan, a escultura são apenas alguns exemplos de linguagens que podem estar presentes no dia-a-dia da escola.


5) A Avaliação
: a proposta é olhar a avaliação como quem vê caminhos. É ter olhos para o amanhã, para o progresso. Avaliar apenas para dar uma nota não faz sentido algum.

O professor Celso Antunes finalizou a palestra com a seguinte frase: "quem na terra assumi novas formas de ensinar e aprender não precisa pedir licença no céu, pode ir entrando..."


Palestra "A escola que sempre sonhei" ( Rubem Alves)

Rubem Alves
diz sempre ter sonhado com uma escola ideal, mesmo sem saber ao certo da sua existência. Mas ela existe! E está em Portugal. É a Escola da Ponte.
Quando a viu pela primeira vez em 2000, tendo como guia um aluna de 9 anos, lembrou a frase de Fernando Pessoa para a mulher amada:"Quando te vi, amai-te já muito antes..."

Mas ele nos alerta: para entender a Escola da Ponte precisamos esquecer quase tudo o que sabemos. Primeiro é preciso esquecer aquilo que somos para sairmos da prisão do que somos hoje. É submeter ao esquecimento, desarticular o que sabemos. Só assim vamos conseguir ver coisas novas. Isso acontece porque precisamos nos livrar dos jeitos de ser que se sedimentaram a nós, e que nos levam a crer que as coisas devem ser do jeito que são.

Assim, a escola ideal de Rubem Alves seria como a escola que ele conheceu em Portugal:
  • uma escola sem classes separadas por série;
  • com salas de aula sem divisões, com mesinhas baixas, próprias para as crianças;
  • os alunos poderiam andar livremente pela sala;
  • os professores seriam orientadores;
  • pequenos grupos de alunos seriam formados a partir do interesse comum por um assunto.
Para Rubem Alves, precisamos de uma escola retrógrada. Pois retrógrado quer dizer "que vai para trás". Precisamos então de uma escola que vá para trás dos "programas" científica e abstratamente elaborados e impostos. "Uma escola que compreenda como os saberes são gerados e nascem. Uma escola em que o saber vá nascendo das perguntas que o corpo faz. Uma escola em que o ponto de referência não seja o programa oficial a ser cumprido, mas o corpo da criança que vive, admira, se encanta, se espanta, pergunta, enfia o dedo, prova com a boca, erra, se machuca, brinca."


Workshop "Inclusão de pessoas com deficiência na escola- um desafio a ser enfrentado" (Profª Dra Celina Camargo Bartalotti)

Esse tema nos mobiliza porque nos obriga a repensar vários conceitos: de escola, de aprendizado, de sucesso e de docência. Estes conceitos são construídos na nossa experiência de vida, como alunos e professores. A experiência que vivemos como alunos, e a que vivemos até pouco tempo como educadores não era inclusiva. A inclusão nos pegou de certa forma desprevenidos.
A discussão é: qual a qualidade das inclusões que estão acontecendo nas escolas?
Existem inclusões precárias, marginais e instáveis. Que significado esses tipos de inclusões tem na vida do sujeito?

Para termos uma inclusão em todos os sentidos é necessário haver a democratização dos espaços sociais, ter a diversidade como valor e uma sociedade para todos.

Portanto, incluir não é só colocar junto! É respeitar a diferença como constitutiva do ser humano.
O valor, positivo ou negativo, que se atribui à diferença é algo construído nas relações humanas.
Dessa forma, a questão central da inclusão não está na diferença em si, mas no valor a ela atribuído.

Inclusão na Escola:

Para pensar a inclusão na escola temos que superar a lógica de agrupar os iguais.
A sala de aula é espaço de diferença, de heterogeneidade.

Quando falamos de escola inclusiva, falamos de cidadania.
A lei garante apenas o direito, a inclusão efetiva fica por conta da escola.

Princípios básicos para a inclusão na escola:
  • Todos são capazes de aprender;
  • Nós somo capazes de ensinar a todos.
No entanto, nem todos aprendem da mesma forma, ao mesmo tempo, a mesma coisa.
Há diferenças no processo que precisam ser respeitadas.

Então, respeitar a diferença no processo é respeitar a diferença no resultado, é repensar o conceito de sucesso na escola. Romper com a idéia de sucesso homogêneo. Precisamos individualizar o olhar sobre o sucesso. Temos que descobrir o sucesso para cada um. Não se trata de nivelar por baixo, mas respeitar a sua individualidade.

Cotidiano da escola inclusiva:

Relações criança-criança:
  • aprendizagem inter-pares;
  • proporcionar espaços de aprendizagem cooperativa que possibilitem às crianças trocar informações, serem parceiros
Cooperação criança-criança e a mediação do professor:
  • simplesmente colocar as crianças lado a lado não garante interações positivas;
  • a mediação do professor é essencial para que todas as crianças possam tirar o mauior proveito possível da parceria.
Cooperação e organização da sala de aula:
  • presença de regras claras;
  • respeito mútuo;
  • aceitação e compreensão das necessidades do outro;
  • processo aberto e dinâmico de negociação onde o aluno se sente responsável e participante.
Cooperação entre educadores:
  • a escola inclusiva deve se constituir numa real comunidade escolar inclusiva desde a construção do seu Projeto pedagógico;
  • deve ter claro para todos: quais objetivos tem, que projetos propõe para que estes objetivos sejam alcançados, como as várias turmas e todos os alunos podem participar desse projeto
Incluir e ensinar não é fácil. Exige transformação na escola e no fazer do educador.

O educador não pode ver a deficiência como sinônimo de "menos". Pois assim tratada, ela passa a idéia de perda, de desvio da norma. Se há perda há algo a ser encontrado, recuperado ou normalizado. Temos então que correr atrás do prejuízo? Tentar tornar a criança com deficiência o mais parecida possível com o que chamamos de normal? Se tivermos essa concepção nosso trabalho já trás consigo o fracasso.

Por outro lado, se vermos a deficiência como diferença significativa (termo usado por Ligia Amaral) compreenderemos as peculiaridades do desenvolvimento humano permeado pela deficiência. Vamos perceber então que ninguém é incluído o tempo todo, pois somos diferentes um do outro. E é isso que nos torna nós mesmos.

Formação na inclusão:

O que não é:
  • uma formação que dá todas as respostas;
  • uma formação que fornece estratégias prontas;
  • uma formação que "habilita" o educador para lidar com todo e qualquer problema em sala de aula.
O que é :
  • uma forma de trabalhar o olhar do educador sobre o aluno;
  • uma forma de informar o educador sobre as peculiaridades de seus alunos;
  • uma forma de ajudar o educador a compreender as necessidades de seus alunos, a saber que tipo de ajuda precisa e onde encontrá-la.
"Na sociedade inclusiva não somos todos iguais, mas celebramos nossas diferenças!"

28.9.07

Mano Suplicy


Na última 5ª feira (dia 27/09/07) o senador Eduardo Suplicy concorreu ao prêmio VMB (Vídeo Music Brasil) 2007 categoria Web Hit. A indicação veio após a repercussão do vídeo do senador declamando um rap dos Racionais MC's (O Homem na Estrada) durante uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça de redução da maioridade penal, em abril deste ano.

O senador assumindo posição contrária à redução da maioridade penal tentou sensibilizar os colegas do senado com o rap. Mas é claro que se tratando de Eduardo Suplicy não bastava apenas por o CD ou ler a letra do rap. Tinha que ser algo a sua altura! Daí o sucesso do vídeo...

Muitos podem até se surpreender ao assistir o vídeo. Até achar estranho o senador declamando um rap. Mas a verdade é que o caso do senador com o rap é bem mais antigo.

Em 2000 ele foi aclamado como canditado dos rappers brasileiros à Presidência e até participou da entrega de prêmios às melhores bandas de rap nacional no mesmo ano.

Em 2003 fez um show de rap na sede da FGV para cerca de cem estudantes ( ah, se fossem tempos de YouTube com certeza teríamos mais esse vídeo para ver...).

Em 2005 Suplicy cantou no programa do Jô essa mesma música (Homem na Estrada) e até fez a performance do "tá´-tá-tá ".

Já esse ano na Virada Cultural em São Paulo assistiu ao show dos Racionais MC's e até defendeu o grupo após a confusão que aconteceu no local entre policiais e o público ali presente.

Bem, podemos deduzir disso tudo algumas coisas:
  1. Rap é o estilo musical preferido do Suplicy;
  2. Ele é fã de carteirinha dos Racionais MC's;
  3. Os demais senadores não gostam de rap uma vez que votaram a favor da redução da maioridade penal ( ou seja, contrários ao que Suplicy queria)

Confira abaixo o vídeo "Suplicy canta Racionais" e recomendo também a leitura da letra da música Homem na Estrada que por sinal me agrada muito não só pela beleza da letra, de autoria de Mano Brown, mas principalmente por contar como ninguém a realidade da periferia.


23.9.07

IV Seminário Teorias e Práticas com crianças e adolescentes- por uma Cidade Educadora

No dia 20 de outubro vai acontecer o "IV Seminário Teorias e Práticas Sociais com crianças e adolescentes"

O Seminário faz parte da "Semana da Criança e do Adolescente" a realizar-se de 15 a 20 de outubro, no Centro de Práticas Esportivas da USP.

Nos seminários dos anos anteriores os eixos geradores foram: "Compartilhando Experiências" (2004), "Educação e Comunidade" (2005), "Políticas Públicas" (2006).

Esse ano o eixo de discussão será "Por uma Cidade Educadora". E não foi por acaso que esse tema foi escolhido. Ele já é uma preparação ao "Congresso Internacional das Cidades Educadoras" que ocorrerá na cidade de São Paulo em abril de 2008.

Daí a importância desse seminário: momentos de reflexão, capazes de ampliar nossa capacidade de atuação, possibilitando assim a construção de uma verdadeira cidade educadora.

Com esse tema é proposto um desafio aos educadores: romper com a cultura de valorização do individualismo em detrimento do bem-estar coletivo.

A questão que se coloca é: o que nos cabe fazer como educadores de instituições que trabalham com crianças e adolescentes?

Deu pra perceber que a discussão vai longe...

Programação:
  • 8h00 às 8h30 - Credenciamento
  • 8h30 às 9h00- Abertura oficial
  • 9h00 às 12h00- Mesa de abertura "Por uma Cidade Educadora"
  • 12h00 às 14h00- Intervalo para almoço
  • 14h00 às 17h30- Rodas de Diálogo (apresentação de relatos e debates).
  • Quatro rodas de diálogo simultâneas a escolher: " A Cidade e as Ruas", "A Cidade e a Juventude", "A Cidade e a Cultura" e "A Cidade e o Esporte".

    Para quem se interessou pelo tema as inscrições para o seminário começam nesta segunda-feira (24/09).

    Serviço:
    “IV Seminário Teorias e Práticas Sociais com crianças e adolescentes - por uma Cidade Educadora”
    Local: CEPEUSP
    Praça 02, Prof. Rubião Meira, 61 - Cidade Universitária
    Data: 20/10/07
    Horário: das 8 às 18 h
    Gratuito

    Se tiver dúvidas ou quiser mais informações entre em contato com a equipe Projeto Esporte Talento (CEPEUSP) responsável pelo seminário: Telefone: 3091-3592 e e-mail: talento@usp.br.

26.8.07

Ed, o robozinho que sabe tudo sobre meio ambiente


ED é um robô muito simpático, criado pela Insite para a Petrobras com uso da tecnologia Inbot.
Ele é um robô com Inteligência Artificial, capaz de conversar com os usuários como se fosse um atendente real. Adultos e crianças vão adorar conversar com ele!
Os assuntos são variados e bem atuais:
  • uso racional de energia;
  • derivados de petróleo;
  • meio ambiente;
  • gás natural;
  • dicas de economia;
  • qualidade do ar;
  • biocombustíveis;
  • programas educacionais;
  • fontes alternativas de energia.
O objetivo é que o simpático Ed ajude a Petrobras na conscientização em relação ao uso de energia e preservação do meio ambiente. Quem fornece o conteúdo que forma a base de conhecimento do Robô é o CONPET (Programa Nacional da Racionalização do uso dos derivados do Petróleo e do Gás Natural).

Saiba como o Ed foi criado.

Clique aqui para conversar com o Ed

O Casamento Perfeito

Recebi da querida amiga Jenny Horta a sugestão desse vídeo que fala sobre a relação Tecnologia versus Metodologia.



Fica evidente no vídeo que não adianta ter todo um aparato de recursos se não há por parte dos envolvidos o desejo de desenvolver um trabalho capaz de proporcionar ao aluno uma aprendizagem abrangente e contextualizada que integre o uso das mídias na prática pedagógica.
Mas como resolver esse impasse? Como chegar a um denominador comum que contemple recursos e envolvimento dos educadores nos projetos? Penso que para ha
ver um casamento perfeito nesse caso é necessário passar por algumas etapas que estão sendo esquecidas ao longo do caminho. É como em um relacionamento. As pessoas não costumam casar de um dia pro outro, não é verdade? E se isso acontece, quase sempre está fadado ao fracasso. Por que então querer que o professor olhe a primeira vista para tantos recursos tecnológicos e faça juras de amor eterno? Há que se ter um tempo para paquerar, namorar, e por que não, para os mais "moderninhos", "ficar"?

Acredito que se tivermos esse tempo para conhecermos de forma abrangente todos estes recursos, certamente eles serão melhor aproveitados, e portanto, capazes de integrar definitivamente o uso das mídias na prática pedagógica.


É nesse sentido, que proponho uma formação específica aos professores antes de iniciar qualquer projeto que faça uso de tais recursos.
Uma boa notícia é que parece que nossos governantes e gestores estão chegando a essa conclusão também. Prova disso, é que as escolas estaduais de São Paulo irão receber um kit denominado "Multimídia Sala do Professor". É claro que esse kit deveria ter chegado às escolas antes dos computadores dos alunos. Para assim, os professores terem oportunidade de entrar em contato com os novos recursos, e se sentirem seguros o bastante para desenvolver projetos envolvendo o uso de diferentes mídias.

Acredito que a gestão de tecnologias só terá sucesso se nesse contato professor-tecnologia for valorizada a comunicação e a construção do conhecimento aliadas a novas formas de interação e aprendizagem. Portanto, não vai ser um computador instalado na sala dos professores que irá resolver o problema. Os professores vão ter que arriscar um pouco mais nesse relacionam
ento. Diria até avançar o sinal (por que não?). Tenho certeza que ao final disso tudo, muitos casamentos acontecerão!

E finalmente, poderemos dizer que professor e computador "foram felizes para sempre..."



5.8.07

Prêmio Blog com Tomates


Receber um prêmio é sempre muito bom. E quando esse prêmio se refere a um trabalho que você adora fazer, é melhor ainda. O Blog Educar para Transformar recebeu o prêmio Blog com Tomates . Esse prêmio foi criado com o propósito de revelar pessoas que lutam pelos direitos fundamentais do ser humano. A expressão "com tomates" em Portugal (onde foi criado o prêmio) quer dizer "com testículos", ou seja, "com coragem". Portanto o prêmio é reservado àqueles que tenham coragem de lutar pelos direitos humanos em qualquer área.

Agradeço ao professor
Luis Carlos Dhein pela indicação e pelas lindas palavras.

E como os blogueiros premiados têm a (difícil!) missão de indicar outros 5 blogs, aí vão as minhas indicações:

1) O Último dos Moicanos
Por ser um espaço de desabafo coletivo!

2) Arte, Educação, Comunicação e Sociedade
Por discutir temas polêmicos e atuais!

3) Bloco de Notas
Por socializar descobertas no uso das tecnologias digitais na Educação!

4) Plenário Virtual
Por discutir educação e tecnologia com profundidade!

5) A Arte de Ensinar
Por considerar o ensino uma arte!

13.7.07

Seminário Os Caminhos da Infância


Em comemoração aos 17 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente o SESC-SP em parceria com a Aliança pela Infância realizou nos dias 11 e 12 de julho o Seminário "Os Caminhos da Infância". Foram dois dias de intensas discussões a respeito da problemática atual e principalmente a respeito das perspectivas que se colocam em relação ao futuro de nossas crianças. Estiveram presentes palestrantes e especialistas, nacionais e estrangeiros, além é claro de um público enorme de educadores, gestores, médicos e outros ligados ao universo infantil. Confira abaixo um pouco do que foi discutido nesses dois dias:
Conferência: O FUTURO DA CRIANÇA ( por Christopher Clouder- Inglaterra- co-fundador da Aliança pela Infância, escritor e membro da Sociedade Real de Artes)

  • Que tipo de mundo queremos para nossas crianças?
  • Não bastam palavras bonitas temos que de fato cuidar da infância de nossas crianças;
  • As crianças de hoje estão mais expostas à pressão e sofrem muito com o estresse;
  • Crianças versus tecnologia: há um super desenvolvimento da capacidade visual, por outro lado a capacidade de socialização é significativamente diminuída;
  • Precisamos ensinar as crianças a brincar pois criança precisa de recreação;
  • A escola preocupa-se muito em aumentar os espaços controlados em detrimento dos espaços para recreação (que não são tão fáceis de se controlar);
  • É necessário desenvolver na criança 4 competências:
  1. Competência Social
  2. Capacidade de solucionar problemas
  3. Autonomia
  4. Sentido de propósito
  • Precisamos descobrir a pessoa desconhecida que há dentro da criança e possibilitar que ela fale de si mesma;
  • Por em prática o 4 Pilares da Educação proposto por Jacques Delors no famoso Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação no Século XXI:
  1. aprender a conhecer
  2. aprender a conviver junto
  3. aprender a fazer
  4. aprender a ser
  • Paulo Freire: traz uma visão muito verdadeira de educação, não há educação verdadeira quando se faz dela uma forma de opressão.
  • Recado para os professores: "o professor deve respeitar a sua saúde física e mental, encontrar a alegria de ser professor e acima de tudo experimentar o sentimento de inteireza."
Painel: INFÂNCIA E EDUCAÇÃO

Claudia Davis (Psicóloga e Doutora em Psicologia Escolar)
  • Brasil tem 184 milhões de habitantes, destes 55 milhões têm entre 0 a 14 anos;
  • Taxa de analfabetismo atinge 15% dos brasileiros;
  • 34% vive abaixo da linha de pobreza;
  • 97% freqüenta o ensino fundamental;
  • 82% completa o ensino fundamental em média em 10 anos;
  • Desafio da Educação Infantil: aumentar a quantidade de creches, integrar pedagogicamente as creches às pré-escolas, estabelecer parcerias com as Ongs;
  • No ensino fundamental possibilitar 3 dimensões: significado da escola, relação com a escola e relação com o professor.
  • Progressão Continuada: "tem que sempre avaliar, foi uma idéia boa, mas implementada de forma errada."
Cleuza Repulho (Presidente Nacional da Undime)
  • Conceito de infância mudou nas últimas décadas: passou-se do cuidar para o educar;
  • A história da construção da educação infantil no Brasil já percorreu muitos caminhos e precisamos retomar esta história para prosseguir alcançando resultados significativos;
  • A qualidade na Educação Infantil está ligada ao apoio e recursos oferecidos pelo poder público.
Elvira de Souza Lima (Antropóloga e Psicóloga, pesquisadora associada à Universidade de Salamanca, na Espanha)
  • Precisamos entender que a escola é um contexto de cultura e perceber a educação como dimensão humana;
  • Contribuição de Vygotsky: mediação semiótica; desenvolvimento cultural e apropriação dos meios e das formas de comunicação.
  • Progressão Continuada: "em vez de nos preocupar com a reprovação vamos nos preocupar em ensinar as crianças pois todas são capazes de aprender."
Colóquio: MÍDIA, CRIANÇA E NOVAS TECNOLOGIAS

Beth Carmona (jornalista, diretora-presidente da Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto/ACERP):
  • No Brasil abrimos mão da mídia televisiva pois não a utilizamos em todo o seu potencial;
  • Emissoras públicas versus Emissoras Privadas: uma concorrência quase desleal pois as emissoras privadas contam com patrocínios milionários.
Ana Lúcia Villela ( Presidente do Instituto ALANA):
  • A mídia, principalmente a televisiva, transforma as crianças em consumidores;
  • Preocupação: que tipo de consumidor está sendo formado? Crítico? Consciente?
  • O Código de Defesa do Consumidor, no tocante ao marketing infantil, determina, no seu artigo 37 , que a publicidade não pode se aproveitar da deficiência de julgamento e experiência da criança, sob pena de ser considerada abusiva e, portanto, ilegal.
  • O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, no seu artigo 76 , as normas a serem seguidas pelas emissoras de rádio e televisão no tocante à programação, a fim de que dêem preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas que respeitem os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Carlos Seabra (Editor e produtor de conteúdos multimídia e internet):
  • Quem domina a tecnologia? são os mesmos de sempre: a classe dominante, aqueles que ditam as regras.
  • Precisamos de uma tecnologia voltada para a produção democrática do conteúdo;
  • Os impactos sociais da informática são capazes de levar a uma transformação total da sociedade;
  • a educação não apenas tem que se adaptar às novas necessidades como, principalmente, tem que assumir um papel de ponta nesse processo;
  • Obter ou desenvolver tecnologia envolve conhecimento, já adquirir artefatos tecnológicos é apenas a capacidade de aquisição.
Para ler mais:

Aliança pela Infância
Instituto ALANA
Artigo de Carlos Seabra


continua...

8.7.07

TV de Labpixies





A TV de Labpixies é um dispositivo que permite ao usuário não só assistir mas também selecionar a sua programação favorita. É simples e divertido!

A TV de Labpixies usa os sinais de vídeo gerados pelas várias estações de TV. Já vem predefinida com diversos exemplos de estações de TV. Mas você pode também escolher a sua própria programação.

Para começar a usar a sua TV on line, siga os seguintes passos:

  • Para ligar e desligar clique no penúltimo botão ( Power on/off)
  • Para selecionar os canais clique nos cinco primeiros botões da TV ( observe na figura da TV que cada botão corresponde a um canal )
  • O último botão da direita (Settings) é usado para escolher a sua programação
Para montar a sua programação siga estes passos:
  1. clique no botão Settings.
  2. Na janela azul que se abrir clique em Change Stations
  3. Vai abrir uma nova página. Escolha o país clicando em Select Contry
  4. Agora é só você escolher as cinco estações de sua preferência
  5. Feche esta página e retorne à janela azul
  6. Marque a opção Remember play mode on refresh?
  7. Finalmente, clique em Save
  8. Pronto! Agora é só assistir a sua programação!



1.7.07

De quem é a culpa?


O IDEB ( Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é o mais novo indicador de desenvolvimento criado pelo Ministério da Educação. Ele tem por objetivo nortear as políticas de melhorias na qualidade das escolas públicas do país. Ele considera o desempenho dos alunos nos exames Prova Brasil e SAEB , assim como as taxas de aprovação. Unindo estes três indicadores temos o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Os dados recentes do IDEB apontam que no nosso país temos hoje, um índice de 3,8 e que a meta é atingir 6 até 2021.

O IDEB foi utilizado também para identificar os mil municípios com os piores índices de qualidade de ensino. Estes municípios receberão apoio do MEC. Poderão contar também com uma verba extra do governo federal.


Penso que quando um indicador criado pelo próprio governo mostra que a situação do ensino básico não está nada bem, muita coisa deve ser feita. E isso não inclui tão somente apoio pedagógico, técnico ou financeiro.
Vai muito além...
Nenhum programa que almeje mudanças profundas na educação irá ter êxito se não estiver vinculado a um outro muito maior, que vise uma transformação social profunda.
Nessa perspectiva, não é na escola apenas que se deve travar a luta contra o fracasso escolar. Não se trata de uma solução educacional, mas sim de transformações da estrutura social como um todo.

Quando se divulga índices como estes e se diz que as escolas com os piores índices receberão ajuda, a meu ver o objetivo é apenas simular soluções e eximir responsabilidades.

Assim, enquanto nossos governantes trabalharem com a hipótese de que o problema da educação no nosso país é apenas um problema técnico, pedagógico ou financeiro, não teremos soluções significativas para os problemas atuais.

Nesse sentido, só a eliminação das discriminações e das desigualdades sociais e econômicas poderiam garantir o sucesso de algum programa ou projeto que vise a melhoria da qualidade do ensino.

Até 2021?

Considerando que mais de 99% das escolas ficaram abaixo da média 6 no índice do IDEB penso que a situação está pior do que pensávamos. Mas divulgar o resultado chamando a atenção para as escolas com os piores índices, reforça a idéia de que o problema da educação no país é um problema exclusivo da escola e seus membros e deixa a cargo de cada uma a busca por soluções. Ora, isso não passa de mistificação, e, portanto,uma tentativa de passar a responsabilidade do fracasso escolar para os alunos e seus professores.
Sendo assim, não é difícil de prever que em 2021 estaremos discutindo a respeito dos mesmos problemas... ainda sem solução.


Para saber como foi o desempenho da sua escola acesse o site do
IDEB







3.6.07

Lembre-se que você é adulto e seus alunos ainda são crianças. Mas também lembre-se que tem uma criança interior que precisa da sua atenção e cuidado.

Aja com sinceridade, justiça e integridade. Com isso, ensinará tais valores sem esforço.


Inúmeras vezes durante o dia, você depara com a escolha: valorizar ou humilhar, afirmar ou desumanizar. Faça sua escolha com consciência.

Todo dia você tem a oportunidade de oferecer aos alunos o mundo, experiências e um conhecimento que transforma a vida. Aprecie as possibilidades.

A empolgação é contagiante.


Irradie entusiasmo por seus alunos, pelo ensino, pela vida - e por atrair alunos à educação e à vida.

Seus alunos -e você - serão muito mais valiosos.

Vale dos Elfos 1745

22.4.07

Rádios comunitárias

Desde o ano passado as rádios livres e comunitárias têm sido alvo de repressão por parte do governo federal. O que está por trás disso é a perpetuação de um sistema essencialmente unilateral que permite acumular, nas mãos de poucos o poder e o direito da comunicação. Isso implica em manter as maiorias sociais apenas como receptoras de mensagens. Limita a capacidade da maioria social de pensar, se organizar e reivindicar. Aumenta consideravelmente o poder político e econômico dos grupos minoritários.Portanto, tal repressão é a negação da autonomia de todo um segmento social. Não se trata apenas de se indignar, mas acima de tudo, de não deixar calar o nosso direito à livre expressão e à livre comunicação.

No vídeo abaixo podemos perceber o quanto essa repressão causa indignação, mas percebemos também o quanto ela une as pessoas na luta por um ideal comum.

Fechamento da Rádio Heliópolis

O professor está doente

Reproduzo abaixo trechos da matéria publicada na Revista Educação (edição 119):Sob pressão



O professor está doente. Excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, salário baixo, pressão da direção, violência, demandas de pais de alunos, bombardeio de informações, desgaste físico e, principalmente, a falta de reconhecimento de sua atividade são algumas das causas de estresse, ansiedade e depressão que vêm acometendo os docentes brasileiros.

Profissionais de saúde e de educação dão cada vez mais atenção a fatores que afetam a saúde psicológica do professor. Ainda que pouco seja feito em termos de políticas públicas e educacionais para prevenção, acompanhamento e tratamento de casos genericamente classificados como de estresse, pesquisas começam a identificar a origem do mal e a apontar caminhos para mudanças.


Partindo da hipótese de que as condições de trabalho - excesso de tarefas e ruídos, pressão por requalificação profissional, falta de apoio institucional e de docentes em número necessário, entre outras - geram um sobreesforço na realização de suas tarefas, o estudo conclui que os resultados aferidos nas diversas cidades são convergentes e que os professores estão mais sujeitos que outros grupos a terem transtornos psíquicos de intensidade variada.


Um dos problemas mais comuns na atividade de educador é a síndrome de burnout. Suas causas estão na ocupação profissional, principalmente entre trabalhadores que lidam diretamente com pessoas e demandas variadas. É comum entre médicos, enfermeiros, policiais e, é claro, professores.

Vista como epidemia no meio educacional, essa síndrome não é exclusividade brasileira. Estudos na década de 1980 já apontavam altíssima incidência do problema entre os docentes norte-americanos. Entretanto, por estar sendo estudada há relativamente pouco tempo, ainda é difícil avaliar o desenvolvimento do burnout nas diferentes atuações profissionais. De qualquer maneira, as mudanças sociais das últimas décadas - que, para ficarmos no caso brasileiro, alteraram a cultura e os interesses do alunado, aumentaram a violência nos centros urbanos e diversificaram e intensificaram o acesso à informação - entraram na escola e tornaram-se fatores motivadores de estresse entre os professores.

A Universidade de Brasília (UnB) realizou, a partir de um acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), uma grande pesquisa nacional no final da década passada sobre o burnout com 52 mil trabalhadores em 1.440 escolas. Esse trabalho foi publicado no livro Educação: Carinho e Trabalho (Editora Vozes, 434 páginas). Os resultados mostraram que 48% dos entrevistados apresentavam algum sintoma da síndrome.

Para a pesquisadora Iône Vasques-Menezes, da UnB, desvalorização da carreira docente concorre para o aumento dos problemas psíquicos dos professores
A coordenadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB e uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, Iône Vasques-Menezes, destaca no meio desses números preocupantes que, de certa forma, o profissional está mais sujeito ao burnout, pois a situação da sociedade é outra. Ela lembra que até o início da década de 1960 o professor era valorizado.

Uma pesquisa mais recente, de 2003, feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) apresentou resultados semelhantes: 46% dos professores já tiveram diagnosticado algum tipo de estresse - entre as mulheres esse número chega a 51%.



A deterioração

Celso dos Santos Filho é médico residente do setor de psiquiatria do Hospital do Servidor, em São Paulo. Ele diz que atende a um número considerável de professores que buscam ajuda psiquiátrica com os mais diversos transtornos. "Há uma desvalorização gradual do papel do professor. Ele se sente cada vez menos valorizado, o que afeta a prática profissional e a auto-estima", conta. Tais perturbações deságuam em "dificuldade para ir ao trabalho, insônia, choro fácil". O médico nota que as reclamações mais comuns desse sentimento de depreciação da atividade apontam para a falta de autoridade sobre os alunos e para a ausência de apoio institucional e das famílias dos alunos.

Existem dados que balizam a fala do psiquiatra: a Unesco fez, em 2002, uma grande pesquisa sobre o perfil do professor brasileiro. Em uma das questões sobre a percepção que tinham do próprio trabalho, 54,8% afirmaram ser um problema manter a disciplina em sala de aula; 51,9% mencionaram as características sociais dos alunos; e 44,8%, a relação com os pais. Outros pontos críticos estão relacionados com o volume de trabalho e a falta de tempo para preparar aulas e corrigir avaliações. De todo modo, as questões que envolvem relações humanas, que são a essência da educação, demonstram ser obstáculos difíceis para os professores.

A síndrome do esgotamento profissional,conhecida como síndrome de burnout,foi batizada nos anos 70. O nome vem da expressão em inglês to burn out, ou seja, queimar completamente, consumir-se.

"A gente deixa de fazer o trabalho para ficar chamando a atenção de aluno para tirar o pé da cadeira e para fazer silêncio. Isso os pais deveriam ensinar", revolta-se uma professora da rede pública paulista. "Nas reuniões, os pais dos alunos que não têm problemas aparecem; os que têm, raramente vão." A psicóloga e professora da PUC-Campinas, Marilda Lipp, concorda com a professora: "As crianças estão mal-educadas. Mas ao mesmo tempo em que os pais desvalorizam os professores, passam a eles a responsabilidade de educar os filhos".


De acordo com uma pesquisa orientada pelo psicólogo e professor da UERJ, Francisco Nunes Sobrinho, um fator determinante do burnout é a idade do professor. Pelos resultados, educadores mais jovens fazem uso exagerado de "controle aversivo". "Eles, por exemplo, gritam mais com o aluno para tentar controlar a disciplina. Se o professor ameaça demais, ele também pode criar um clima de estresse", explica.

Problema abrangente

A deterioração da atividade docente não acontece apenas no ensino público, o privado também sofre de mal semelhante. "A relação entre professor e aluno se transformou em relação professor-cliente", condena Rita Fraga, diretora do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP). Apesar de trabalhar com profissionais da rede particular do Estado, ou seja, que supostamente figuram entre os mais bem remunerados do país e com uma boa infra-estrutura de ensino disponível, o sindicato nota um aumento do estresse no seu público. Rita avalia que muitos professores são pressionados pelos interesses mercadológicos da escola e, assim, muitas vezes não têm suporte da instituição em situações de enfrentamento com os alunos. "Com medo de perder o emprego, ele se sujeita a esse tipo de situação."

A psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Alexandrina Meleiro, demonstra

Medo de perder o emprego gera submissão de docentes, alerta Rita Fraga, do Sinpro-SP
que esse problema de instituições privadas existe nos casos que atende, principalmente de professores do ensino superior: "Em algumas (instituições), os alunos fazem um motim contra o professor e a escola prefere demitir o profissional a ficar do lado dele", relata.

Entretanto, ela identifica que a maior quantidade de casos está no ensino fundamental. "São professores com problemas somáticos - depressão, ansiedade, às vezes síndrome do pânico - e, em alguns casos, se houve um assalto na escola, por exemplo, depressão pós-trauma", diagnostica. De acordo com Alexandrina, "entre 30% e 40% acabam desistindo da profissão, o que caracteriza que o problema é decorrente da ocupação".

O tratamento, segundo a psiquiatra, varia muito. "Dependendo do grau de desgaste, a pessoa pode passar somente por psicoterapia, ser medicada temporariamente com ansiolítico ou antidepressivo e, às vezes, tem de ser deslocada para uma função burocrática ou passar a trabalhar com outros tipos de alunos."

48% das pessoas que trabalham em escolas apresentam algum sintoma de estresse, segundo pesquisa realizada em âmbito nacional pela Universidade de Brasília

Uma preocupação de Alexandrina é com a violência. Chaga dos grandes centros urbanos do país, a violência é apontada por muitos pesquisadores como um fator estressor importante que atinge comumente os professores que lecionam em escolas situadas em regiões de risco, com altos índices de criminalidade e, em alguns casos, presença do tráfico de drogas. Ainda que a violência possa atingir direta ou indiretamente qualquer um, "a gente tem de dar um enfoque maior para a escola, pois ela lida com a criança e com o adolescente que serão cidadãos, e é nesse meio que a violência é cultuada", alerta a psiquiatra.

Origens múltiplas

"O burnout é uma síndrome multideterminada, ou seja, uma combinação de fatores facilita o surgimento dela", explana Iône Vasques-Menezes, da UnB. Dessa maneira, ainda que as dificuldades com disciplina, desvalorização da atividade e exposição à violência despontem como seus principais causadores, não se pode desprezar outros motivadores das doenças psicossomáticas dos professores.

Para a psicóloga Marilda Lipp, ao mesmo tempo em que desvalorizam os professores, pais confiam a eles a educação dos filhos
Marilda Lipp, da PUC-Campinas, cita o tecnoestresse, que seria o contato cada vez mais freqüente com tecnologias em sua atividade escolar, o que demanda conhecimento de processos e, em muitos casos, um aumento da carga de trabalho para fazer relatórios via rede, por exemplo.






Por onde começar?

Como as causas dos problemas psicológicos dos professores têm origens distintas, os caminhos para sua solução também são variados. A presidente da CNTE, Juçara Vieira, lembra do que é óbvio para começar a valorizar a profissão, mas que costuma ser esquecido com assustadora regularidade: o salário. "O importante é se ter um piso salarial que permita, por exemplo, trabalhar para apenas uma escola", comenta.

Ela cita também a necessidade de ter uma escola democrática que fortaleça as relações interpessoais e de aplicar políticas públicas de formação permanente. Nunes Sobrinho corrobora a tese de que é preciso preparar os professores. "A mudança do cenário passa pela formação das pessoas, por começar a incorporar no currículo algumas questões de comportamento." O psicólogo dá um exemplo que presenciou: "Trabalhei em uma escola de periferia em que a criança levava um bilhete chamando o pai para uma reunião, e ela era espancada antes mesmo de o pai saber do que se tratava. Isso demonstra que a professora só trabalha com o lado negativo. O pai só é chamado para ouvir crítica. O professor ainda não aprendeu que tem de chamar o pai também para fazer elogios. Quando começaram a chamar alguns pais para elogios, as crianças queriam que os seus pais fossem chamados também".

Para Iône, há na atividade a sensação de que se dá muito, mas não se recebe nada em troca, o que provoca insegurança e desânimo. Ela acredita que o professor precisa de afeto para transmitir conhecimento. "Se ele não gostar dos alunos, não conseguirá transmitir nada." A psicóloga da UnB acha difícil estabelecer uma única linha de atuação para diminuir o burnout. "Se é uma síndrome de trabalho, teria de mudar a organização do trabalho dependendo das condições em que ocorre naquela comunidade". Ela esclarece que em uma cidade pequena, ainda que a infra-estrutura da escola seja inferior quando comparada à de um grande centro desenvolvido, a proximidade com a sociedade local acaba compensando e o professor fica menos exposto. "É mais fácil identificar fatores que protejam contra o burnout do que os causadores - controle sobre o trabalho, suporte social, ligação da escola com a comunidade, reconhecimento social."

55% dos professores brasileiros ouvidos em pesquisa da Unesco afirmaram ter problemas para manter a disciplina em sala de aula

Com uma abordagem menos voltada para a idéia de síndrome trabalhista, a professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Sandra de Almeida, avisa que o professor se apresenta com uma expressão de grande sofrimento psíquico e um mal-estar visível. Ela baseia suas afirmações em pesquisas realizadas com docentes na complementação pedagógica para professores do magistério no Distrito Federal, dos quais "cerca de 20% têm licenças médicas motivadas por estresse".

Isso tem como conseqüência o absenteísmo, ou seja, os professores faltam muito. "Eles fazem pedidos de transferência para secretaria, fazem de tudo para não estarem presentes em sala de aula", relata. "Quando nada mais funciona, utilizam o recurso da licença médica."

Sobre as críticas de diversas secretarias de educação de que muitos professores querem licenças simplesmente para matar trabalho, a psicóloga retruca: "é claro que muito disso pode ser 'mais ou menos fingido', mas tem um valor psíquico para o sujeito. Por que ele se apresentaria como um sofredor? Podemos chegar à conclusão de que isso não se configura como depressão, mas pode ser um estresse".

Sandra destaca que o professor não é escutado no ambiente escolar. Na opinião dela, esse profissional convive muito tempo com os alunos e lida com demandas diversas e contraditórias e não tem com quem conversar. "Assim, o médico é a figura que pode ajudar e que, em último caso, pode afastá-lo da sala de aula, e isso pode aumentar ainda mais a sua angústia."

Vale a pena tentar entender o que aflige e adoece o professor brasileiro, esse indivíduo difícil de ser explicado. Afinal, segundo a pesquisa realizada pela UnB, esse trabalhador, com todos os problemas que enfrenta, ainda pertence a uma categoria que apresenta índices de satisfação profissional próximos de 90%.

(Fabiano Curi)




Leia a matéria na íntegra